sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A CASA DO ARTISTA E SUA DEUSA


AQUELE BEIJO DELICIOSO EM MINHA DEUSA FICOU REGISTRADO AQUI, NESTA OBRA DE ARTE QUE ENFEITA NOSSA CASA, COMO TANTAS OUTRAS. SÃO DEZENAS DE PINTURAS COLORINDO AS PAREDES QUE EM POUCOS LUGARES CONHECEM O BRANCO, JÁ QUE SÃO COBERTAS, TAMBÉM, POR POESIAS ESCRITAS COM FITA ADESIVA PRETA. AS PESSOAS QUE ENTRAM DÃO VOLTAS NO PRÓPRIO CORPO, COMO EM UM MUSEO, MAS É MAIS QUE ISSO, É A CASA DO ARTISTA E SUA DEUSA.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ainda abrindo os antigos cadernos

Vou mostrar hoje algumas imagens desfocadas dos meus muitos cadernos de desenhos. Todos sabem do meu vício por rabiscar tudo, pois bem, aí estão alguns dos meus rabiscos...


Bom, talvez estes desenhos não sejam realmente de todo bons, eu os fiz já há muito tempo. Estão esparramados em vários cadernos que hoje retirei do baú e comecei a fotografar. As fotos estão desfocadas e o lápis um tanto esmaecido, mas é isso aí.




Eu costumo desenhar mais cartuns, não sei por que, mas sempre achei que eles comunicam mais. Todavia, antes costumava fazer uns quadrinhos, inclusive alguns eróticos, volta e meia me deparo com um deles e me assusto. É o tempo que bate em minha porta, e por que não?



Outra coisa da qual sempre me ocupo é de fazer aqueles desenhos sem objetivo específico. Vou desenhando e jogando dentro de livros ou caixas que se acumulam nas estantes ou dentro do guarda-roupas. Depois de anos eu os encontro. Algumas vezes é bem legal abrir uma página de um livro e ver um dos meus desenhos, daqueles que abandonei.







FORMIGAS

sábado, 16 de outubro de 2010

Estou brincando, arte é assim, só vale a pena se a gente brinca, experimenta, faz novamente. Fazer arte é um eterno fazer novamente. ou seja, fazer sempre sobre as mesmas coisas, mas com o mesmo prazer ou com um prazer completamente renovado.

O padre e o anjo de sidiney breguêdo

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

AMIGOS DE OUTRORA

Fui encontrar os velhos amigos dos Correios em uma festinha de comemoração. Foi assim, que não tendo ido por toda a minha vida naquele clube, mesmo tendo pagado todos os meses a prestação eu cheguei lá. É verdade, quando era funcionário dos correios nunca fui a ARCO, o clube legal onde os carteiros congregam, levando suas mulheres e crianças. Sem muita dificuldade e com o carinho da recepção eu entrei, carregando uma melancia enorme que me dignei levar. Era um dia de sol, o mais forte e quente que já vi. Seriam necessárias muitas cervejas para restaurar o equilíbrio quebrado por aquele brilho quente. Comecei a beber por volta das doze horas e o fiz com maestria por toda à tarde, desfrutando daquele papo agradável que transcorreu. Foi com essas duas na cabeça que percebi que não falávamos dos Correios, nenhuma palavra. Foi assim que percebi que os companheiros passam um bom período na empresa, sem grandes atritos com o supervisor, chefe ou qual diabo os atormente. Digo isso, porque sei que a vida dos carteiros não é fácil. Quando carreguei aquela bolsa com a missiva dos outros o sol era o menor dos meus problemas. Era dezesseis ruas com todos os tipos de dificuldades o meu trajeto. Mas eu fazia sorrindo, saudando um morador aqui e outro ali. Sempre querendo parar para uma convidativa conversa, mas o tempo era curto e eu seguia. Entre risco de atropelamento, falta de educação e compreensão das pessoas e até assalto a missão era cumprida. Desta forma, com todas as adversidades, quando nos encontrávamos o papo que rolava era sobre os Correios. Parecia que não fazíamos parte do mundo normal, mas sim do mundo da Empresa. Aquele uniforme não largava nosso corpo. Nosso rosto suado tinha sempre no semblante uma história, uma intriga e o objetivo de defender um aos outros. Sim, com todas as adversidades nosso grupo era unido e briguento. Sempre estávamos tentando derrubar um chefe que não nos respeitava. Entre nós tinham gigantes, heróis que com zelo distribuía esperança por seus caminhos. Destes não vou falar com detalhes, pois eles ainda estão lá para felicidade da comunidade que atendem. Enfrentam todos os dias a brutalidade do sistema. Acima de tudo a falta de zelo das empresas de ônibus que não os respeitam, e como se isso não bastasse, quando voltam com as bolsas vazias, após a entrega, são destratados pela própria empresa. Mas como eu disse, parece ter chegado os bons tempos. Nenhuma palavra foi dita naquele clube sobre os Correios, como se ele não existisse, com seus escaninhos abarrotados de cartas. Com suas notas infindáveis e a escravidão de todos os dias chegar aquele caminhão com as caixetas amarelas sem fim. Por um momento, deslumbrado, pensei nisso. Mas não quis tocar neste assunto lá: nenhuma palavra para os Correios. Como uma greve muda. Um acordo do silêncio dos carteiros. E eles riam, falavam de música, de como o clube estava bonito e até da própria vida privada de cada um. Mas dos Correios nada. O terrível e agressivo silêncio contra os casos da empresa de correios e telégrafos do Brasil. Quando a festinha acabou, peguei duas cervejas e acomodei-me no banco do carona do meu carro. Era a Fernanda que iria dirigir, já que eu estava mamado e não suporto a idéia de assim ter que explicar algo para um policial numa blitz. Em casa, banhei e fui dormir, mas na minha cabeça martelava aquele silêncio gostoso dos amigos de outrora.

o padre e o anjo por sidiney breguêdo

domingo, 26 de setembro de 2010

A CORUJA

CAI A NOITE DE MANSINHO,
A CORUJA FOGE DO NINHO,
OS GRILOS COMEÇAM A ESTRALAR
UMA CANTIGA ANTIGA,
CAFONA E REPETIDA.
CANÇÃO DE NINAR.
DE NAMORADOS
QUE NÃO PARAM
DE SE BEIJAR.
DE MADRUGADA,
AINDA NÃO CONSIGO
LARGAR O BAR.
RECORDO MIL HISTÓRIAS
QUE NUNCA VOU PODER CONTAR:
O OLHAR MELANCÓLICO
DE UMA CRIANÇA
QUE NÃO TINHA ONDE MORAR.
O VOO QUEBRADO DE UM AVIÃO
QUE NÃO PODIA POUSAR
OU O CARTEIRO QUE CAMINHA
NA CHUVA
PARA A GENTE SE COMUNICAR.
UM HOMEM PULOU DE UM PRÉDIO,
NADANDO EM PLENO AR.
ENSINANDO-ME UMA DANÇA DIFERENTE,
DE VENTO, GRAVIDADE E UM PESO ELEFANTE.
CAI A NOITE DE MANSINHO,
A CORUJA FOGE DO NINHO
PROCURANDO ME ENCONTRAR.
SEUS OLHOS NEGROS,
OLHOS DE MEDO, QUE NÃO PARAM DE ME OBSERVAR.
UMA TOSSE RENITENTE FAZ O PÁSSARO VOAR,
FUGINDO PARA LONGE.
EU AINDA CONTINUO NO BAR.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

INTERNETIÇÃO


Agora estamos na era digital, tudo é pixels, tudo é arquivo, tudo cabe num cd, num pendriv ou conta-se em mega. O difícil, nestes tempos, é identificar as pessoas. Quando paramos para conversar na rua com aquele colega que não viamos há muito tempo descobrimos que não passa de um arquivo. Não tem outro jeito, o que fazemos é deletar, para nunca mais. Ou seja, o mundo virtual é um mundo carregado de pessoas vazias, humanóides compondo estatística global. Mundo globalizado é isso, inúmeras aldeias falando uma linguagem só. Assim, abrem espaço para o capitalismo se tornar cada vez mais real, enquanto as pessoas vão sumindo. Eu mesmo, não posso dizer que sou diferente, faço parte deste todo. Desta sombra virtual tomando conta de tudo. Não consigo ficar um dia sem comparecer à máquina, com os meus dedos velozes e distribuir mundo afora as idéias que penso ser minhas. Vão tomá-las, eu sei, porque eu também tomei de alguém. A internet cravou com mais selvageria a máxima: "nada se cria, tudo se copia!"É verdade, não tem como mudar isso, já somos robôs, não precisa instalar os fios.

sábado, 18 de setembro de 2010

No orkut tem geeeeeeennnnnnnttttttttteeeeeeeee!!!!!!!!!


Agora estou publicando tudo no Orkut, também, deixo lá, alguns poemas e uma página toda de "O padre e o anjo" para os orkuteiros se divertirem. Aquilo lá tem crescido a beça! E encontramos pessoas bem legais, muitos poetas, muitos admiradores de arte e muitas pessoas novas que estão aprendendo a amar esta coisa legal que é se comunicar. Minhas impressões deixarei aqui, de forma que as pessoas que queiram conhecer meu pensamento visitem esse lugar. Usarei para ilustrar partes, retalhos em concreto da minha obra, como esse aí em cima, retirado do baú dos bons tempos, quando eu e o cartunista genial, Raimundo Broba andavamos com nossas esferográficas tentando destruir os conceitos da sociedade posta. Valeu o tempo!

Miolo de pães de doce sem coco


Este blog é muito importante para os personagens "o padre e o anjo", pois estou tentando publicar aqui, pelo menos alguma coisa semanal. Também estou conversando mais com os meus botões. É feito terapia que estou fazendo isso, já que hoje tenho tantas atividades que vejo a hora de enlouquecer. O padre e o anjo nasceram numa época em que gozava de tempo, mas não tinha dinheiro, por isso acumulei muito material deles, desenhando todos os dias. Mas eles não ficaram famosos, andaram ali, pelo meu imaginário, cresceram, envelheceram e ainda parecem tão jovens. Isso me alegra, enquanto vou ficando careta, eles estão cada dia mais irreverentes, e agora continuo a desenhá-los. Vamos ver essa novela continuar!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tinha um tempo em que eu queria viver somente de desenhos, e hoje acho que isso é perfeitamente possível. A única coisa chata é que não sinto mais aquela vontade infantil. Naquele tempo se o circo passasse, acho que eu iria junto, só para estar no meio dos artistas. Desconhecia completamente a realidade, não sabia mesmo, que quando um homem quer algo, ele luta para conseguir e consegue. A arte sempre esteve comigo, como uma coisa boa ou ruim, mas ela sempre esteve, meu museu está repleto de coisas, acho que muitas obras se perderam, e aos poucos vou me tornando este dinossauro da internet, pelo menos aqui é para sempre, não há quem limpe a pichação feita.


Misturei nos meus trabalhos um misto de romantismo despedaçado e poesia. Sim, claro, porque, na verdade, o que eu sempre fui foi poeta. Nunca consegui viver sem escrever meus poemas. Quando era apenas um garotão minha mãe não tirava muitas fotos, mas minha vida está toda registrada em poesias. Pensava que elas nunca se libertariam dos cadernos de arames, mas elas se libertaram, com a fúria natural da arte. Tomaram o mundo no livro “O jacaré pensador” publicado no final do ano passado.


As derrotas têm que existir, são elas que levantam o homem, mas são as vitórias que trazem a dignidade necessária para continuarmos. Aprendi a levantar sempre dos meus tombos. Mesmo que para cair de novo. Desenhar é uma terapia fabulosa, se alguém precisar fazer terapia, eu recomendo esta. Pegue um papel e um lápis, vai rabiscando sem rumo, não precisa ficar bonito, só basta fazer. Fazer já é uma vitória, pois você pelo menos uma vez terá ido ao fundo de si. Veja estes desenhos acima, todos foram feitos sem cuidado, com esferográfica, estava me lixando para a anatomia ou perfeição. Descobri que o que me encanta é o prazer de vê-las nascer do fundo de mim. Vê-las sujas de tinta ficar para sempre, daqui a duzentos anos vão estar aí. E pensar que saíram daquela esferográfica que tanto tremia em minhas mãos.