sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tinha um tempo em que eu queria viver somente de desenhos, e hoje acho que isso é perfeitamente possível. A única coisa chata é que não sinto mais aquela vontade infantil. Naquele tempo se o circo passasse, acho que eu iria junto, só para estar no meio dos artistas. Desconhecia completamente a realidade, não sabia mesmo, que quando um homem quer algo, ele luta para conseguir e consegue. A arte sempre esteve comigo, como uma coisa boa ou ruim, mas ela sempre esteve, meu museu está repleto de coisas, acho que muitas obras se perderam, e aos poucos vou me tornando este dinossauro da internet, pelo menos aqui é para sempre, não há quem limpe a pichação feita.


Misturei nos meus trabalhos um misto de romantismo despedaçado e poesia. Sim, claro, porque, na verdade, o que eu sempre fui foi poeta. Nunca consegui viver sem escrever meus poemas. Quando era apenas um garotão minha mãe não tirava muitas fotos, mas minha vida está toda registrada em poesias. Pensava que elas nunca se libertariam dos cadernos de arames, mas elas se libertaram, com a fúria natural da arte. Tomaram o mundo no livro “O jacaré pensador” publicado no final do ano passado.


As derrotas têm que existir, são elas que levantam o homem, mas são as vitórias que trazem a dignidade necessária para continuarmos. Aprendi a levantar sempre dos meus tombos. Mesmo que para cair de novo. Desenhar é uma terapia fabulosa, se alguém precisar fazer terapia, eu recomendo esta. Pegue um papel e um lápis, vai rabiscando sem rumo, não precisa ficar bonito, só basta fazer. Fazer já é uma vitória, pois você pelo menos uma vez terá ido ao fundo de si. Veja estes desenhos acima, todos foram feitos sem cuidado, com esferográfica, estava me lixando para a anatomia ou perfeição. Descobri que o que me encanta é o prazer de vê-las nascer do fundo de mim. Vê-las sujas de tinta ficar para sempre, daqui a duzentos anos vão estar aí. E pensar que saíram daquela esferográfica que tanto tremia em minhas mãos.


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