CAI A NOITE DE MANSINHO,
A CORUJA FOGE DO NINHO,
OS GRILOS COMEÇAM A ESTRALAR
UMA CANTIGA ANTIGA,
CAFONA E REPETIDA.
CANÇÃO DE NINAR.
DE NAMORADOS
QUE NÃO PARAM
DE SE BEIJAR.
DE MADRUGADA,
AINDA NÃO CONSIGO
LARGAR O BAR.
RECORDO MIL HISTÓRIAS
QUE NUNCA VOU PODER CONTAR:
O OLHAR MELANCÓLICO
DE UMA CRIANÇA
QUE NÃO TINHA ONDE MORAR.
O VOO QUEBRADO DE UM AVIÃO
QUE NÃO PODIA POUSAR
OU O CARTEIRO QUE CAMINHA
NA CHUVA
PARA A GENTE SE COMUNICAR.
UM HOMEM PULOU DE UM PRÉDIO,
NADANDO EM PLENO AR.
ENSINANDO-ME UMA DANÇA DIFERENTE,
DE VENTO, GRAVIDADE E UM PESO ELEFANTE.
CAI A NOITE DE MANSINHO,
A CORUJA FOGE DO NINHO
PROCURANDO ME ENCONTRAR.
SEUS OLHOS NEGROS,
OLHOS DE MEDO, QUE NÃO PARAM DE ME OBSERVAR.
UMA TOSSE RENITENTE FAZ O PÁSSARO VOAR,
FUGINDO PARA LONGE.
EU AINDA CONTINUO NO BAR.
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